Na manhã desta quinta-feira, 28/05, foi realizada na sede do Sitel uma nova reunião para tratar dos possíveis efeitos nocivos causados pelo vazamento de benzeno, ocorrido em agosto de 2008, na área do Pólo Petroquímico, onde a Corsan mantém Estação de Tratamento. Estiveram presentes os membros do Conselho Estadual do Benzeno (que reúne a Delegacia Regional do Trabalho – DRT, entidades de trabalhadores e Ministério da Saúde). “A realização deste encontro no próprio Sitel tem um sentido simbólico, pois foi aqui que os trabalhadores ficaram expostos a esse vazamento no ano passado, por cerca de uma semana, até que a direção da empresa ouvisse o alerta dos funcionários”, lembrou David Barros, que representou o SINDIÁGUA nesta reunião, juntamente com a diretora Eloísa Quines.
Substância cancerígena
O médico Roberto Schlemberger, técnico fiscalizador da DRT-RS, fez uma esclarecedora palestra sobre os graves riscos à saúde decorrentes da exposição ao benzeno sem os devidos cuidados. “Um fato é inegável”, disse o especialista: “Independente da concentração do benzeno, ele é sempre cancerígeno”. Na avaliação do SINDIÁGUA, a Corsan ainda mostra-se reticente em relação ao problema, e até hoje não emitiu o CAT aos trabalhadores expostos, embora seja obrigatório. “O Sindicato exige novos rumos em relação a esta questão, até para prevenir acidentes futuros”, diz David. “A própria convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário, recomenda uma série de cuidados no manuseio do benzeno e nos casos de exposição a este veneno”.
Conforme o técnico da DRT-RS, os exames clínicos realizados pelo departamento médico da Corsan nos funcionários expostos ao produto não têm qualquer validade científica, pois foram feitos bem depois do período adequado. Aliás, na reunião desta quinta-feira, mais uma vez este setor da companhia não se fez presente. “Na verdade, a empresa tem que fazer um histórico dos exames médicos dos trabalhadores atingidos e guardá-los por 30 anos, para que no futuro se conheçam as razões desta ou daquela doença que por ventura se manifeste naquelas pessoas”, disse o dr. Schlemberger. “É importante entender a gravidade da situação, pois o benzeno pode atacar a medula óssea do paciente, minando suas defesas orgânicas contra infecções”.
Nosso Sindicato, com o Sindipólo e a CUT-RS, já está pleiteando junto à direção da Corsan uma nova reunião sobre o mesmo tema com a presença de um técnico da Fundacentro (órgão do governo federal), para contribuir no esclarecimento total destas questões.
Utresa
Os representantes do Sindicato comunicaram também à nova superintendente do Sitel, engenheira Tânia Zoppas, o envio de correspondência à Secretaria Estadual de Meio Ambiente pedindo a formação de um grupo de trabalho tripartite, com representação do SINDIÁGUA, Corsan e Fepam, para obter resultados concretos sobre o caso dos resíduos da Utresa, depositados irregularmente no Sitel. “Ainda não conhecemos oficialmente a composição destes resíduos nem o destino que será dado a este material. Por isso, queremos evitar que se repitam os encaminhamentos tortuosos que ocorreram no grave episódio do benzeno”, afirmou David Barros.
Também estiveram presentes à reunião de hoje o diretor técnico da Corsan, Eduardo Carvalho, membros da Cipa e colegas trabalhadores no Sitel.