Dentro do espírito de que a saúde dos homens e mulheres deve ser o que mais conta na sociedade, o SINDIÁGUA esteve na sede da DRT/RS, no dia 22/04, buscando informações junto a este órgão sobre a autuação feita em agosto de 2008, quando ocorreu acidente com vazamento de benzeno na área do pólo petroquímico, onde a Corsan mantém estação de tratamento (Sitel). A ocorrência do fato provocou a evacuação de um grande número de pessoas que trabalham naquela planta industrial, inclusive os colegas do SITEL. O jornal Zero Hora inclusive noticiou o ocorrido. Na ocasião, constataram-se parâmetros de exposição ao benzeno fora das condições normais, por quem lá estivesse trabalhando nos dias da ocorrência.
Na visita feita agora à DRT - que é o fiscalizador das condições do trabalho e saúde ambiental – quisemos saber em que situação encontrava-se a autuação daquele episódio. O SINDIÁGUA foi gentilmente recebido pelo médico (fiscalizador) da DRT, dr. Roberto Schelemberger, que inclusive foi o autor da vistoria.
O próprio dr. Roberto propôs a realização de uma reunião técnica de trabalho, com a presença dos representantes do Sindicato, da CIPA-SITEL e da companhia.
Reunião Técnica
O SINDIÁGUA prontamente concordou com a proposta da DRT e providenciou convite aos membros da CIPA-SITEL, eleitos e representantes da empresa, estendendo o convite aos trabalhadores da DESEG (setor da segurança e saúde do trabalho – sede) e SURH (recursos humanos), bem como ao Sindicato de Trabalhadores no Pólo Petroquímico (Sindipolo) e a CUT-RS.
Preocupação justificada
Desde a época do vazamento, os trabalhadores daquela unidade da Corsan têm se preocupado em entender melhor o que significa a exposição e o convívio com tal produto químico, que com o passar do tempo pode causar câncer no organismo humano (e talvez alterações genéticas em plantas e animais, além da água).
A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) se fez presente na ocasião do acidente, dia 18 de agosto de 2008 (o vazamento ocorria desde o dia 12, sem que os trabalhadores fossem ouvidos). Os técnicos da DRT lá estiveram para fazer vistoria técnica, e a partir dos levantamentos propuseram à companhia ações para obter um melhor dimensionamento do impacto de tal produto (benzeno). E verificar se o fato poderia estar ou não afetando todos os que trabalham na área petroquímica, inclusive os trabalhadores na Corsan.
Exemplo a ser seguido
Importante ressaltar a presença na reunião dos colegas da CIPA-SITEL, mostrando a força dos trabalhadores que se dedicam, muitas vezes, além de sua jornada diária, ao trabalho de convencimento e preservação da vida e da saúde de todos que circulam em áreas de risco. Trabalhar sim, mas com segurança e saúde. Fica aqui o reconhecimento claro do SINDIÁGUA a estes que não medem esforços na sua vida laboral.
Também destacamos os colegas da SURH e DESEG que se fizeram presentes, para - junto com os trabalhadores do SITEL - compreender e dividir angústias. Além de tratar-se de assunto de relevância (a vida e saúde de pessoas), também é importante frisar que numa empresa pública, como em qualquer outro ambiente de trabalho, o mais valioso tem que ser a vida do ser humano.
Pudemos constatar o reconhecimento destes colegas de que o assunto trazido à baila pelo SINDIÁGUA é de significativa relevância, num primeiro momento por se tratar de interesse técnico, exigindo um conhecimento até mesmo na área das ciências químicas e médicas. Isso não os afastou da discussão, muito pelo contrário, estavam presentes para verificar “in loco” tal situação, e por isso suas presenças tornam-se também importantes.
Medicina do Trabalho deverá ser intensificada
Na opinião do dr. Roberto, da DRT/RS, o médico do trabalho da Corsan não atuou como deveria ter feito no caso específico do SITEL. Agora estamos trabalhando para recuperar o tempo perdido por alguns, dentro da estrutura da medicina do trabalho na sede da companhia, por conta de alguns elementos que não foram levados em consideração, quanto ao acidente ocorrido na área do SITEL.
Restou ao dr. Roberto deixar explícito que os responsáveis pelo setor de Medicina do Trabalho da Corsan no mínimo deveriam no mínimo assistir a uma palestra sobre o assunto Benzeno, inclusive marcando data e hora de quando ocorreria semelhante trabalho, promovida pela SOGANT – Sociedade Gaúcha de Medicina do Trabalho. Assim, estarão se atualizando nas questões de saúde do trabalhador.
C.A.T. é necessária
Uma das divergências que o Sindicato está apontando para o caso específico do acidente de benzeno no SITEL foi a não emissão da C.A.T. aos trabalhadores que ficaram expostos por mais de uma semana à condições de possível contaminação. No mínimo houve exposição à substância química altamente prejudicial à saúde, sem contabilização das questões tempo de exposição e concentração de tal produto, no caso do SITEL, conforme ficou evidenciado, após pressão dos trabalhadores, tratar-se do cancerígeno benzeno.
O SINDIÁGUA está agora buscando através do DESEG - ou a quem importar dentro da estrutura da Corsan - a comprovação do descuido com a saúde dos colegas, através de documentos manuscritos pelo setor responsável pela saúde e segurança dos trabalhadores, de que não haveria a necessidade de se emitir CAT frente aqueles acontecimentos.
O SINDIÁGUA pensa diferente, até porque norma interna da Corsan baliza ao contrário. Ou seja, nas Normas de Licenças de Saúde, a companhia informa que: “as chefias imediatas ou seu substituto” devem preencher a CAT – mesmo que não seja grave e/ou que não tenha lesão, encontrado no ponto 5.12. Licença Acidente de Trabalho Empresa (ATE), mesmo que não haja afastamento.
Engenharia e monitoramento
Também presente na reunião técnica de trabalho, pela DRT, o engenheiro (fiscal) dr. Roque Puiati, que fez um relato forte sobre as questões de engenharia e procedimentos de monitoração dos eventos futuros de exposição a produtos químicos no SITEL. Nas suas considerações, o dr. Puaiti lembrou que a primeiras providência a ser tomada pela Corsan seria a de promover o urgente investimento em monitoramento on line da área de operação do SITEL com a Casa de Controle (Casa de Comando). Além da constante pesquisa em EPI's, que possam contribuir para a melhor proteção dos trabalhadores.
Utresa
Na mesma reunião, o dr. Puaiti trouxe à baila a questão dos resíduos da Utresa, depositados irregularmente no Sitel sem que até hoje os trabalhadores saibam exatamente a composição e o nível de contaminação destes dejetos. A DRT e o SINDIÁGUA estão atentas à movimentação da companhia no sentido de retirar os resíduos do Sitel, depois de um ano e meio, sem que se conheça o destino que será dado a este material. No entender do Sindicato, a Corsan tem obrigação de dar uma destinação tecnicamente correta a este material e de uma maneira clara e aberta, pois está em jogo a saúde dos trabalhadores e a preservação ambiental.