Vera Lúcia Castro Alves
A atividade foi marcada por diversos momentos de emoção das militantes, como a calorosa recepção feita pelas 70 mulheres que trabalharam na cozinha em Cajamar. O relato de quem estava lá é que o momento emocionou à todas, já que a caminhada diária só foi possível graças aos alimentos produzidos pela companheiras. Foram cerca de 100 gaúchas nesta Marcha Mundial das Mulheres. Elas relataram que todas as atividades foram muito produtivas, já que a troca de experiências fortaleceu a militância e a luta, que deve ser permanente, mas que em 2010 prevê uma extensa agenda. Por onde passaram, as marchantes foram muito bem recebidas e, a cada dia, mais e mais pessoas se somaram ao percurso, que culminou com um ato no final da tarde de quinta-feira, 18, em São Paulo, no estádio Pacaembu, com mais de três mil mulheres.
Quatro campos de ação
A ação, cujo tema foi “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, se baseou em quatro campos de atuação: Bens Comuns e Serviços Públicos; Paz e Desmilitarização; Autonomia Econômica; e Violência Contra as Mulheres.
- Bens Comuns - Deseja-se enfatizar a necessidade de intervir pela efetivação de um futuro sustentável, frente às consequências das políticas neoliberais no mundo.
- Paz e a Desmilitarização - É um tema que acompanha a formação da MMM, onde se denunciam a indústria da guerra, os interesses de quem ela serve, e a hostilização especialmente das mulheres e crianças em regiões afetadas pelas guerras.
- Autonomia Econômica - Onde a MMM obteve acúmulo significativo neste período, seja pela elaboração da Economia Feminista, seja pelas intervenções práticas na construção de uma nova economia.
- Violência Sexista - Abarca os temas onde se manifestam as formas mais cruéis de dominação dos homens sobre as mulheres ao redor do mundo e ao longo dos tempos. A violência física e psíquica, o controle e a mercantilização do corpo das mulheres, a criminalização da livre sexualidade, a lesbofobia, e a penalização e clandestinidade do aborto.
Caxias do Sul
Simultaneamente à marcha, também ocorreu a tradicional caminhada do movimento de mulheres de Caxias do Sul, com destaque às sindicalistas, que mais uma vez foram protagonistas na luta por direitos iguais para todos. Elas pediram redução da jornada de trabalho para 40 horas, paz, desenvolvimento com emprego e renda, ampliação da licença-maternidade, creches públicas, implantação efetiva da Lei Maria da Penha e outras bandeiras históricas das mulheres.
O resultado da marcha foi significativo porque deu visibilidade e propôs uma reflexão sobre todos estes campos, por isso cada vez mais teremos que intensificar a luta por políticas e ações voltadas para a mulher.
“Amar e mudar as coisas, na luta e na paixão”
Leia o artigo de Karol Assunção clicando aqui: Setenta por cento dos pobres do planeta são mulheres, ou na seção Artigos deste site