David Barros
Às vezes dizer não é muito antipático. Lembro ainda hoje das vezes em que pedia para minha mãe para sair à noite, quando adolescente - e ela dizia não! Às vezes dizer não é uma saída para algo que pode nos comprometer, algo que em tese seria incriminador contra nós mesmos. Foi assim com Pedro ao renegar o Cristo. O que dizer quando estamos numa disputa, seja salarial, seja num concurso, onde o que aguardamos é a resposta para nós considerada positiva - o sim – mas ouvimos o contrário? A resposta pode ser um grande não.
Leonel Brizola, nos idos das campanhas eleitorais, no seu jeito quase episcopal, com a voz embargada, conclamava o povo a dar um “rotundo não” às candidaturas que se apresentavam, e que representavam a entrega do patrimônio nacional aos estrangeiros.
Dizer não, além de ser uma palavra que contraria interesses, pessoais ou coletivos, às vezes também pode significar uma implicância. Não muitas vezes é uma palavra repleta de decisões, que deve ser estudada. Nos dias que vivemos, até para criar filhos temos que dizer não, visto que a bandidagem anda solta por aí, e como deixar um filho sair sem saber onde anda, com quem vai andar, etc...
Não se omita
Mas nem sempre é assim. Dia 23 de agosto, aqui em Porto Alegre, os moradores desta linda e valorosa cidade têm um compromisso: dizer NÃO ao Projeto Pontal do Estaleiro! Este não significará a continuidade de um meio ambiente condizente com a vida humana.
Neste caso específico, dizer NÃO, dia 23 de agosto, é um sim pela vida, de cada um de nós, de nosso filhos, de gerações futuras. Afinal, neste dia, estará em votação o projeto Pontal do Estaleiro. A Prefeitura preferiu jogar nas mãos da população a decisão de aprovar ou não o projeto, que pretende erguer seis grandes prédios residenciais e de comércio em plena orla do Guaíba, na área do antigo Estaleiro Só. O projeto causará danos ao meio ambiente, por servir de barreira artificial aos ventos, além do grande aumento de produção de esgoto cloacal, que na região é ligado ao pluvial, e do agravamento do trânsito de veículos.
Não se pode esquecer que as orlas são Áreas de Proteção Permanente. A lei que foi modificada pela Câmara de Vereadores previa a construção de um parque urbano no local.
A orla do Guaíba pertence à toda a população da cidade e não pode ser privatizada.
Apoio de entidades e associações
Dezenas de entidades de classe, ambientais, de moradores, de profissionais, de artistas, de religiosos, etc, estão empenhadas em barrar - com um sonoro não! - esta tentativa de entregar a um pequeno grupo de privilegiados a orla de Porto Alegre, sem preocupação com o meio ambiente. Confira alguns dos participantes do Movimento em Defesa da Orla do Guaíba: Instituto dos Arquitetos do Brasil/RS, Sindicato dos Sociólogos do RS, Sindibancários, Pastoral da Ecologia, Casa de Cinema de Porto Alegre, Grafistas Associados do RGS (Grafar), Defesa Civil do Patrimônio Histórico, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), entre muitas outras entidades.
Assine o abaixo-assinado online do Movimento em Defesa da Orlado Guaíba pelo endereço: http://www.abaixoassinados/1571
Quem pode votar
A votação no dia 23 é aberta a todo cidadão ou cidadã que tenha Título Eleitoral e domicílio em Porto Alegre.
Procure uma urna eleitoral em sua região, que tenha listada a sua seção eleitoral. Os endereços de localização das urnas podem ser obtidos no site da Agapan: http://agapan.blogspot.com